segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Nosso futuro

É a vida um curto espaço de tempo entre o nascer e o morrer, cujo objetivo é a obtenção de sucesso? Este sucesso significa aprender, obter um bom emprego, ter dinheiro e patrimônio e depois, ou concomitantemente, pelo trabalho digno usufruir do que conquistou? Talvez não seja apenas isto.
Mesmo sabendo que a maioria das pessoas deseja este sucesso, creio que isto é muito pobre, repetitivo, quase beirando a mediocridade. Por que então vemos pessoas bem sucedidas com depressão, infelizes ou desestimuladas para viver, algumas, inclusive, dando péssimo exemplo de ética?
Deveria haver uma política pública para o envelhecimento, isto é, uma preparação para o viver visando a aposentadoria. O que deixaria o ser humano plenamente feliz e satisfeito com a vida senão o sentimento do dever cumprido, de ter ele mesmo realizado o próprio destino? Portanto, há que haver um futuro diferente e melhor para o ser humano além daquele sucesso minúsculo.
O adulto e o idoso de hoje precisam de uma educação que lhes faltaram na infância. Não se trata tão somente de educar para uma morte digna, mas de ensinar a dar continuidade ao viver com um sentido maior. Quem já envelheceu necessita ser estimulado a voltar a se interessar por aprender para que ainda alcance o sentido da vida. Deve-se aproveitar a experiência do idoso, educando-o a devolver à sociedade o que dela recebeu. Dando sua cota de serviços necessários à sua própria satisfação. Com isto ele aprenderá que a morte é um destino digno quando se deixa um legado social.
Certamente saber que reconhecidamente contribuiu e contribui diretamente para a construção de uma sociedade melhor, que alcançou o sentido de sua vida e que a morte lhe é compreensivelmente uma experiência para a qual adequadamente se preparou o deixará, a qualquer tempo, feliz e realizado.
Tal não ocorre por que não trabalha conscientemente e diretamente para um mundo melhor, não alcança o significado de sua existência nem se contenta com a morte como destino final de sua vida no corpo. Falta-lhe educação, conscientização, propriedade de seu destino sem terceirização de responsabilidades e, sobretudo, uma noção superior e transcendente para a própria vida. Por conta disto há inegavelmente um vazio existencial em cada ser humano. Ou a noção de responsabilidade coletiva, de solidariedade para a cidadania e de metas existenciais alcançáveis são exaustivamente disseminadas e internalizadas por cada ser humano ou o vazio da vida permanecerá.
É este vazio o sintoma de uma sociedade constituída de autômatos, indivíduos sem norte e sem filosofia que o prepare para o agora e que inclua sua morte. Não se trata de uma preparação para o Além, mas para as experiências da vida presente em todas as suas etapas. O vazio desaparecerá quando o indivíduo compreender que deve sua cota de serviços voluntários e gratuitos ao mundo para que o mundo seja seu melhor legado.

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