segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Saúde Mental

O ser humano compreende a confluência de fatores biológicos, psicológicos, sociais e espirituais, de cujo conjunto emerge sua individualidade. A conjunção destes campos constitui o grande complexo por onde transita o que se conhece com o nome de eu ou de pessoa humana.
No entanto, o ser humano ainda está muito longe do alcance do equilíbrio necessário para a conquista de uma vida plena e feliz. Para tanto, é desejável um corpo bem cuidado, uma psiquê em harmonia, uma vida social bem articulada e uma espiritualidade profunda e realizadora.
No biológico, valoriza-se mais a estética do que a saúde, preferindo-se ter a pele esticada do que a compreensão da importante função do envelhecimento; despreza-se uma melhor qualidade de vida agredindo-se o corpo com hábitos estressantes; frequentam-se academias geralmente para gastar os excessos na alimentação; o ser humano é mais hedonista do que altruísta.
No psicológico, desconhecendo o funcionamento da própria mente, o ser humano opta por agir instintivamente; critica mais o outro do que lhe compreende o comportamento; julga-se moralmente as pessoas sem a necessária autoanálise; despreza-se o sentir valorizando-se mais a excessiva racionalidade; cuida-se mais da imagem em detrimento da valorização da essência; preocupa-se mais com o que os outros pensam, denunciando real insegurança, do que a apresentação ao mundo com transparência e autenticidade; ambicionam-se coisas e poder sem pensar em autorrealização.
No social, ostenta-se mais do que se busca o aperfeiçoamento de habilidades; cuida-se mais do pessoal do que se preserva o coletivo; o ter ainda prepondera sobre o ser; retira-se mais da sociedade do que se devolve como valores éticos; a maioria quer ser servida mais do que servir; valoriza-se mais o privado desprezando-se a coisa pública; o egoísmo predomina sobre a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e harmônica.
No espiritual, vive-se uma religiosidade superficial sem a devida compreensão da transcendência do Espírito; adora-se um Deus para dele obter favores e benesses; aceitam-se dogmas sem a necessária preocupação com a instalação do perigoso fundamentalismo religioso; discriminam-se os que não comungam com suas crenças; por fim, ainda se pratica a religião para o atendimento a emergências psicológicas mal resolvidas.
Por estes motivos, o ser humano está muito longe da plenitude que almeja, necessitando observar que os métodos então utilizados de exaltação ao corpo, de manutenção da consciência tranquila, de uma vivência social egocêntrica e de uma incipiente espiritualidade que não resiste à compreensão precisa do significado da vida e da morte, estão falidos. Precisamos de uma nova ordem baseada na busca real pelo sentido e significado da vida, cujos fundamentos devem ser ensinados desde a educação infantil, em casa e na escola.

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