terça-feira, 15 de setembro de 2015

Popularização da psicoterapia


A Psicologia ganhou maior visibilidade após o advento da Psicanálise, quando Sigmund Freud desvendou os mistérios da dinâmica psíquica, propondo a existência do id, do ego e do superego como seus agentes funcionais. Porém, seus rumos não ficaram atrelados ao desenvolvimento das teses freudianas, pois a Psicologia, nos Estados Unidos, em face do pragmatismo de sua filosofia, tomou outros contornos, principalmente na Educação. Em fins do Século XIX, a Psicologia na Europa, de um lado, pela cultura alemã, investia na positividade, na quantificação e na parametrização dos fenômenos psíquicos, com seu primeiro laboratório; do outro, pela influência da Psicopatologia, a Psicologia enveredou pela saúde mental, graças aos estudos do psiquiatra Jean-Martin Charcot, na França. Mesmo tendo este viés de cuidar da saúde mental, razão da associação da Psicologia com a loucura, que gerou o preconceito de que psicoterapia é “coisa de maluco”, seu alcance tem se estendido muito além deste equívoco. Psicoterapia é arte de pessoas sérias, para todos que desejem olhar para si e para os rumos de sua própria vida. A psicoterapia está saindo dos consultórios chiques e caros que tratavam a chamada histeria, para se tornar produto acessível a todo cidadão, independentemente de ter ou não algum distúrbio mental. Psicoterapia é útil para análise da própria vida, para entendê-la, para lhe dar sentido, visando uma melhor atuação do indivíduo no mundo, bem como para sua própria autorrealização. A proliferação de faculdades de Psicologia, mesmo com cursos carecendo de melhor qualificação, é reflexo da demanda crescente pela profissão, cujo profissional que é formado nem sempre foi adequadamente preparado. Em dois centros de atendimento terapêutico gratuito, em Salvador, pode-se observar que a demanda não tem sido de portadores de transtornos psíquicos, mas de pessoas com processos simples que envolve dificuldades em entender sua própria subjetividade nas relações interpessoais que estabelece.
Artigo publicado no Jornal ATarde de 14.01.2015.

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