terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Por onde andas?

Em geral, cumprimentamos as pessoas com a costumeira formalidade do “Como vai?”. O termo visa obter a resposta, também formal, “Tudo bem”. Porém o verbo ir não é utilizado para designar um lugar, nem um caminho, mas um estado de espírito, uma subjetividade que pretende alcançar o sentimento da pessoa. Da mesma forma, ao perguntar “Por onde andas?”, não se pretende obter a resposta de um lugar, mas sim quais são as ideias, os projetos e os objetivos que dominam a mente da pessoa. Parte-se do princípio de que a consciência pode levar a pessoa a qualquer lugar, desde que esteja em harmonia. Alcançar esta condição requer atuação ética, adequado senso de propósito e alta vivência de cidadania.

O direito de ir e vir é universal. Todo indivíduo pode transitar livremente nos lugares públicos abertos. Você pode andar nas ruas, ir aos melhores museus, estar em belíssimas praças e visitar os lugares mais fantásticos do planeta. Para isto basta querer e ter condições para tal; porém, colocar sua mente em estado de equilíbrio, tendo a sensação de plenitude e com projetos saudáveis requer muito mais. A pergunta não se refere apenas ao espaço por onde você transita, mas principalmente onde se encontra seu pensar, suas ideias, seu senso de propósito e tudo que permeia os interesses mais essenciais de uma pessoa. Onde vais ou onde andas se refere à sua natureza, às suas tendências e ao sentido e significado que você atribui a sua vida.

Seu conceito de sociedade, do que é público e de qual é o significado de seu viver definem onde você de fato anda. Em realidade, você caminha pelos objetivos existenciais que alicerçam sua consciência e que formam a base de suas ações. O significado que você atribui à vida, ao outro, à pessoa humana bem como qual a qualidade de suas ideias, principalmente aquelas que dizem respeito ao que você ambiciona, definem onde se situa seu caminhar. Veja por onde você anda, pois seu caminho é tecido pela qualidade de seus projetos de vida, pelos desejos conscientes que inundam seu pensar e pelo tamanho de seu egocentrismo. Seu mundo acontece dentro de você mesmo, é seu mais precioso bem e é onde moram seus amigos e inimigos.

Suas ideias formam as balizas de sua mente, definindo os limites em que você circula. Por este motivo, as verdadeiras prisões não são físicas, mas psíquicas, emocionais e subjetivas, delimitando o tamanho de seu universo. Quando você inclui o respeito ao outro, a consciência do direito de todos, a ética, o bem-estar pessoal e coletivo, você é de fato livre. A depender do que se passa em sua consciência você anda por onde transita o que há de mais saudável no mundo ou então perambula pelos caminhos mais obscuros da vida. Ser livre passa pela construção de uma sociedade justa, igualitária e harmônica, mas, sobretudo, depende do que se processa em sua casa mental. Ela é seu passaporte.

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