sábado, 20 de outubro de 2018

Amor-próprio

A dignidade de uma pessoa é seu patrimônio inalienável. Não se herda nem se empresta. É inata. Todo ser humano é naturalmente digno e tem direito a que todos respeitem sua condição, razão pela qual ninguém, nenhum ser humano, sob pretexto algum, poderá ser discriminado ou ser tratado com desrespeito. A condição humana é superior a qualquer outra, sem prejuízo do respeito aos outros seres da natureza que ainda não alcançaram esta condição. A dignidade influencia decisivamente no amor-próprio da pessoa. Provoca a sensação de bem-estar, promovendo uma maior disposição de viver.

É desrespeito permitir que pessoas não tenham acesso a habitações dignas, nem tenham esgotamento sanitário em suas casas. Da mesma forma, admitir que habitem invasões sem o menor planejamento urbano, vivendo indignamente. Não lhes garantir acesso a educação de qualidade, tampouco não terem acesso à saúde atenta contra a dignidade e a sobrevivência da pessoa. Tudo isto patrocinado por corrupções e malversações do dinheiro público. O amor-próprio é frontalmente e diariamente atingido, prejudicando o desenvolvimento pessoal e o da sociedade.

Vivemos uma crise de amor-próprio, que provoca paralisia na disposição de corrigir, planejar, empreender e, sobretudo, construir uma sociedade ética e respeitosa para com a pessoa humana. Os interesses pessoais têm se sobrepujado ao público, colocando em cheque a honra de quem vive neurótica e egoisticamente uma vida pequena e sem sentido. É hora de incluir nos currículos escolares a disciplina Amor-próprio, onde o indivíduo aprenderia a se valorizar pela honra, pela ética, pela integridade e pela capacidade de suplantar o que oprime a vida humana.

Quando uma criança é encontrada na miséria, vivendo numa sub-habitação, desnutrida, relegada ao espaço público que lhe oferece o tráfico de drogas em substituição à sua infância teremos um adulto comprometido em sua dignidade e no amor-próprio. Se oferecermos às classes mais favorecidas, sobretudo aos seus jovens, em acréscimo ao lazer superficial e sensorial, o trabalho em ONGs, cujas horas sejam contabilizadas em concursos públicos ou no acesso às faculdades públicas, daremos dignidade, realçando o amor-próprio deles e daqueles que receberão seus serviços pelo exemplo do trabalho voluntário.

A sociedade deve se organizar para oferecer aos cidadãos meios dignos de elevarem o amor-próprio a fim de melhor promover seu desenvolvimento. O amor-próprio age de forma sutil na disposição para o trabalho, no aumento da criatividade e na alegria de viver, pois consciente ou inconscientemente, todo ser humano deseja ser amado, além de querer ter uma boa imagem pessoal elevada a fim de suplantar seu sentimento inato de ser apenas criatura.

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