segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Compaixão

Compaixão é uma palavra que sugere um duplo sentido. O vocábulo significa o desejo de minorar o sofrimento do outro ou também a vontade de ajudar o próximo. Este desejo pode ou não ser traduzido em ações voltadas para a mitigação da dor alheia. Vulgarmente é confundida com pena, que pode parecer uma certa superioridade sobre o outro que sofre. Compaixão é uma intenção real em promover o alívio do sofrimento de outra pessoa ou de um grupo de pessoas. O seu contrário é a indiferença. Todo e qualquer tipo de violência representa a ausência da compaixão. O descaso ao sofrimento humano, seja pessoal ou coletivo, são sintomas de uma sociedade que não aprendeu a exercitar a compaixão.

Por outro lado, compaixão soa da mesma forma quando se afirma fazer algo com paixão. Atuar com paixão é colocar intensidade e emoção no que faz. É agir com a alma, com toda a vontade possível para a realização de um ato. Aqui, a palavra paixão é empregada no significado de energia ativa que impulsiona a vontade na direção de determinado alvo. Com paixão pode ser confundida com passionalidade, entendida como irracionalidade ou ausência de lógica. No entanto, com paixão é colocar sua máxima emoção, intensidade e assertividade no que faz. Seu contrário é a frieza e a passividade ante a dor e o sofrimento humano.

Se o cidadão utilizar a compaixão com a mesma paixão com que cuida dos problemas da sociedade em que vive, certamente o sofrimento das pessoas tenderá a se perpetuar. Se este mesmo ser humano resolvesse agir com a mesma paixão que usa para torcer pelo futebol, para gozar dos prazeres que busca nos fins de semana, com certeza a sociedade estaria numa melhor condição. É preciso ir além da empatia, alcançando a compaixão, cujo sentimento quando se transforma em atitude direcionada ao bem-estar do outro, promove a verdadeira prosperidade social.

A compaixão com paixão mobilizaria a alma das pessoas para solucionar os graves problemas éticos, estruturais e culturais de nossa sociedade. A começar pelo respeito às diferenças, pelo pleno exercício da cidadania, pelo cuidado com o patrimônio público, pelo respeito a dignidade do outro e pela caridade que emancipa sem gerar clientelismo e mais pobreza.

Convido o cidadão a se apaixonar pela compaixão, atuando na sociedade em favor de seu desenvolvimento, buscando realizar efetivas ações que de fato mitiguem o sofrimento da população, sem prejuízo de sua luta diária pela própria sobrevivência. A paixão pode ser um excelente combustível para todo aquele que se encontra desmotivado e desacreditado da vontade e da condição humana de superação de seus desafios. Que a compaixão humana não seja arrefecida pela indiferença nem se apague pelo excesso de racionalidade que assola mentes brilhantes.

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