segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Armas

Sei que a segurança pública é um dos graves problemas de nossa sociedade. Os grandes centros urbanos sofrem com a violência provocada principalmente pelo tráfico de drogas. Aqui e ali se ouvem relatos de assaltos e de outros crimes em que a tragédia deixa sua marca cruel. Por esta razão, percebe-se que é a parte pior da sociedade que está armada, sobretudo a constituída pelos marginais. Também armada, a Polícia se vê pequena e impotente par conter tamanha escalada da violência cotidiana.

Armar o restante da sociedade não me parece sensato, muito menos coerente com o pensamento lógico. Seria estimular uma guerra em que o lado mais frágil não sabe utilizar armas para sua própria defesa. Oferecer armas para quem não sabe usá-las é como entregar um revólver a uma criança. Despertar na sociedade o desejo de armar-se é de uma irresponsabilidade criminosa, mesmo sabendo do o quanto sofre uma família ao assistir sem nada poder fazer, uma pessoa ser brutalmente assassinada a caminho de seu trabalho para que lhe tomem um simples celular.

Mesmo tendo tido treino militar, sou pacifista, e não advogo o uso indiscriminado de armas, cuja posse em casa permitiria que os bandidos dispusessem de mais um local onde adquiri-las sem muito esforço. Um erro grave seria cometido ao se armar a população, favorecendo a violência, os acidentes domésticos bem como o uso fácil para o cometimento de crimes no ambiente e no entorno dos lares mais pobres. Um erro não justifica outro ainda maior.

O cidadão comum não é bandido, muito menos pode se transvestir em policial, para cuja função não tem treinamento adequado. Todos perderiam caso o cidadão tivesse direito a portar uma arma como se estivesse no faroeste, cujas leis beneficiariam quem argumentasse a legítima defesa. Ganharia quem tivesse a arma mais moderna e mais potente ou o bandido acostumado a utilizá-la em seu dia a dia. Embora possa haver argumentos favoráveis ao seu uso legal, os riscos são maiores e as consequências ainda mais nefastas.

Culturalmente não somos atiradores nem manejamos armas com maestria que justifique portá-las. A ética da bala é a de matar primeiro para não morrer. Voltaríamos à barbárie, assistindo a crimes com requintes de crueldade, patrocinados por psicopatas de plantão.

Temos que ir para a verdadeira guerra a ser travada para que a sociedade fique liberta do inimigo comum: a ignorância. Porém, nossa guerra é outra. É pela educação, para que o ser humano se transforme em um ser social vivendo em paz e em uma sociedade harmônica.
Não devemos esquecer que armas, mesmo que sejam para se defender, são para matar. É preciso Educação para que a sociedade de fato se torne o que almejamos para todos. Enquanto houver demanda para o uso de drogas, teremos bandidos que traficam e utilizam armas. Não a armas e sim à vida.

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