quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Nação líquida

O ser humano tem em sua mente duas bases na formação de sua personalidade. Há, em sua Consciência, uma personalidade individual e uma coletiva. A primeira, cuida de si, de seu desenvolvimento e de tudo quanto diga respeito a integridade pessoal. A segunda, cuida da sociedade, da civilidade e de tudo quanto diga respeito ao viver coletivo. O equilíbrio entre estas duas instâncias garante uma vida saudável e perfeitamente partilhada com todos. A atrofia da primeira produz pessoas alienadas de si mesmas, cujo desenvolvimento esbarra na tirania dos outros. Por outro lado, a atrofia da segunda produz o egoísmo exacerbado, o individualismo e a corrupção do que pertence ao domínio público.

Quando o cidadão tem respeito ao outro, não confunde o privado com o público e zela pelo bem coletivo, diz-se que se trata de um bom exemplo de pessoa. Caso contrário, temos o dilapidador, o egoísta e o usurpador do que não lhe pertence, diz-se que se trata de uma má pessoa. Portanto, quando uma pessoa diz e se sente brasileira é por que tem o país dentro de si. Não é porque fala português, porque mora em seu território ou porque nele nasceu que se torna brasileira. Um país é mais do que um grupo de pessoas que levantam uma bandeira ou que falam a mesma língua vivendo em um território. Onde estão os bons brasileiros que são boas pessoas?

Certamente deve haver algum problema que escapa ao nosso entendimento, pois não é possível que uma nação toda sucumba a um movimento que, muito embora possa ter seus direitos, que devem ser respeitados, ponha em risco seu povo. Inadmissível um país demonstrar tamanha fragilidade. Não creio que haja culpados ou que alguém mereça punição. Não é por falta de leis; temos em boa quantidade. Não é por falta de Justiça; temos bons juízes. Não é por falta de recursos; temos abundância de matéria prima. Não é por falta de inteligência; temos inúmeros exemplos de bons empreendedores e de pessoas de sucessos em vários campos da sociedade. Então quais são as soluções?

Temos que fazer algo coletivamente. Há algo que precisa ser feito por todos nós. Creio que o problema esteja nos fundamentos de nossa sociedade. Falta consciência cidadã, respeito ao outro, percepção de alteridade, bem como noção de renúncia do indivíduo em favor do coletivo. Tudo indica que a alma coletiva é pequena, infantil, criança, imatura e frágil. Para fortalecer a alma coletiva é preciso educá-la com valores, com vitórias coletivas, com símbolos fortes, com valiosas conquistas sociais, com bons exemplos de comportamento ético e com a disseminação da prosperidade. O amor à Pátria se revela quando a alma não se apequena ante reveses, perdas e sofrimento, principalmente quando deseja o bem de todos, inclusive o próprio.

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