quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Nada a temer

Temer alguém ou algo implica em lhe atribuir um valor superior, dando-lhe poder e supremacia sobre si. Este poder não pertence ao outro, pois é apenas atribuído por quem ainda não descobriu seu valor pessoal. Portanto, o poder emana de quem consente. Quando é consciente jamais será uma condição que se deva considerar vinda de fora. A consciência do poder pessoal advém da integração de habilidades conquistadas nas experiências da vida.

Muitos são os motivos que fazem o ser humano ter medo; a morte é um deles, a doença, a solidão, dentre outros. Porém, muitas são as possibilidades de entendimento da vida que levam o ser humano a não mais temer os mitos criados pela sua ignorância. A ciência, a tecnologia, a mídia com a opinião pública, ampliaram o discernimento humano para lidar com seus fantasmas e com as ilusões criadas pela ignorância.

O cidadão, por força da evolução da sociedade e de sua consciência mais madura, está perdendo seus medos e assumindo um papel de protagonista de sua vida e dos destinos de seu país. Não está criando ilusões, mas mantendo seus sonhos, pois não se vive sem eles. Sua história tem de ser escrita por ele mesmo, não mais transferindo para oportunistas e aproveitadores profissionais nem os de plantão.

O que teríamos a temer não é o governo, mas o governante que o conduz, pois é um ser humano sujeito a influências, ao momento e ao próprio desejo permanente de poder, inerente a toda criatura. Para que este possível temor desapareça é preciso que o ser humano se apodere de seu potencial criativo, de sua condição de proprietário de si mesmo e da responsabilidade pelo coletivo, portanto, pela vida em sociedade. Precisamos estabelecer um limite para o poder dado ao outro, mesmo que tenha sido atribuído legitimamente, a fim de que o desejo natural de tê-lo não se torne algo que tenha um caráter absoluto para quem o recebeu. Portanto, um governante, quem quer seja, tem que ter seus limites constantemente vigiados e definidos para que, por conta de uma grande aceitação popular, não se torne um déspota.

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