O psicólogo americano Carl Rogers,
criador da Abordagem Centrada na Pessoa, escreveu um conhecido livro, “Tornar-se
Pessoa”, onde afirma sua crença na liberdade e na capacidade do ser humano em
encontrar seu caminho e formar seu próprio destino. Sua abordagem lhe valeu uma
indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 1987. Inspirado nele, reafirmo o valor da
dignidade humana. Dignidade não se compra, não se perde nem se ganha. Ela é uma
condição inata, inalienável e precisa ser autorreconhecida. É a exata afirmação
de quem se é, pessoa, cidadão, autenticamente humana e proprietária de si
mesmo. Nada, nem ninguém rouba a dignidade de uma pessoa quando ela não se
dobra a qualquer tentativa de inferiorizá-la, discriminá-la ou reduzi-la a uma
coisa.
Coisifica-se uma pessoa quando ela é
resumida a um título ou designação exterior, sem que seja vista em sua condição
humana, em igualdade de direitos. Quando uma pessoa é
apresentada pelo título, pela religião que professa ou por qualquer qualificação
acessória não está sendo vista, pois se plasma na mente de quem vê, ou ouve, as
características do grupo correspondente àquele aspecto coletivo. Nesta
condição, exclui-se o outro em sua natureza essencial, aplicando-lhe atributos
coletivos. Quando apresento alguém como doutor, ou como funcionário público, ou
como católico, ou como espírita etc., estou antecipando na mente do outro,
qualidades que, mesmo sendo politicamente corretas e socialmente aceitáveis,
provocam uma barreira, a ser demolida para que se conheça de fato quem é o
outro. Não se deve colocar a condição econômica, física, ideológica, ou de
qualquer outra natureza, à frente de sua humanidade.
Talvez seja improvável que se venha a
abolir das apresentações os títulos, mas não se deve acrescentar ou retirar a
dignidade de uma pessoa pelos atributos provisórios que ostenta. Antes de alguém dizer o que diz ser, simplesmente é uma pessoa, cuja
condição humana nunca deve ser esquecida e colocada abaixo de qualquer título.
Isto é dignidade.