É fácil perceber a fragilidade das mentes que se deixam
contaminar pelo coletivo. O conhecido “efeito manada” costuma tocar as
consciências mais frágeis que pautam suas opiniões por informações
superficiais, extraídas de leituras rápidas e de fontes não muito confiáveis.
Nem sempre o que se ouve, lê ou se interpreta sobre a realidade é de fato o que
ocorre, pois o observador geralmente não consegue a necessária isenção em sua
descrição dos fatos. Quando o assunto diz respeito a algo que toca sua emoção,
cujo conteúdo sobre o qual tem-se algo contra, costuma carregar as opiniões com
tons mais agressivos e negativos. Quando o famoso recalque existe, então, inconscientemente,
o indivíduo tentará atender ao sufocamento do que o aflige, com opiniões em
atendimento ao seu alívio.
A mentalidade coletiva pode alienar a pessoa, principalmente
quando submete seu caráter a desejos escusos e ao gosto da massa ignara. Muitos
atuam em conjunto, participando de grupos inespecíficos, por se sentirem no
anonimato, onde se escondem por vergonha de si mesmos. As redes sociais estão
cheias de pessoas assim, que se acovardam por detrás de uma tela de computador.
Enquanto muitos querem ver o circo pegar fogo há os que continuam trabalhando
para que o espetáculo da vida nunca deixe de acontecer. Estes não engrossam o
caldo dos que anseiam pelo caos e pela derrocada dos que estão à frente. São
aqueles que lutam, trabalham e se esforçam pela manutenção da vida e que não se
deixam contaminar pela massificação do ser humano.
Diz-se que o tempo é o senhor da razão, porém o cidadão
comum não deve esperá-lo passar, pois deve continuar trabalhando e ampliando
seu senso crítico para não ser engolido pelo anseio dos que costumam dominar
jogando iscas para pegar os incautos de plantão. A sociedade não pode viver de
boatos e expectativas de derrocada de suas instituições seculares, mas daqueles
que descobriram uma razão pessoal para viver sem se deixarem contaminar pelo
catastrofismo de alguns.
Artigo publicado no Jornal ATarde de 12.08.2015.