Em 1907, em
Viena, dois pesos pesados da Psicologia, Sigmund Freud e C. G. Jung,
encontraram-se pela primeira vez e conversaram por treze horas. Neste encontro
iniciava-se a consolidação dos estudos a respeito do Inconsciente. Tudo que se discute na maioria das escolas da
Psicologia, baseia-se principalmente na Psicanálise de Freud e na Psicologia
Analítica de Jung. Este encontro foi um marco para o nascimento de uma nova Psicologia,
que a direcionou para além dos limites da Consciência. A consideração da
existência e dinâmica do Inconsciente tornou-se fundamental para o desenvolvimento
das ciências humanas, assim como para a Propaganda e para a Educação, além das
disciplinas que consideram fundamental a questão do desejo e da
intencionalidade que escapam do controle do eu. Entretanto o encontro, que
consolidou a amizade dos dois, também serviu para que percebessem as profundas
diferenças existentes, confirmando que, em matéria de ciência psicológica, não
há unanimidade, muito menos quando se trata do psiquismo. Todos os eventos,
mesmo aqueles mais corriqueiros, podem ser vistos sob o ponto de vista do Inconsciente. Isto sugere que há pelo
menos duas realidades, a primeira é a que surge de imediato e que recebe a
sensação e o julgamento do eu, a segunda, é a que alcança maior profundidade, a
que decorre das tendências inconscientes inatas. A postulação do Inconsciente Coletivo, por Jung, possibilitou às ciências observarem que os eventos
humanos, bem como diversas escolhas consideradas fruto do livre arbítrio
pessoal, nada mais são do que atendimento a anseios comuns registrados na
estrutura psíquica de cada indivíduo. Estas tendências inconscientes inatas nos
irmanam ainda mais, pois são imperativos gravados nas raízes cerebrais que
independem de etnia, credo, cultura ou gênero. O conteúdo daquela conversa,
entre um judeu e um cristão, sobre o Inconsciente, simboliza e propõe a universalidade
da condição humana e também a igualdade psíquica profunda entre todos.
Artigo publicado no Jornal ATarde em 14.12.2014.
Artigo publicado no Jornal ATarde em 14.12.2014.
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