quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Psicologia do Dinheiro


Diz o aforismo popular que o dinheiro é o vil metal. Metal, por que antigamente era fabricado em moedas de metais considerados incorruptíveis (ouro, prata etc.). Vil, ordinário ou instrumento de corrupção, porque aguçava a ambição humana, atingindo a ética das pessoas. Na realidade, o dinheiro atende a necessidades regulatórias dos processos que envolvem relações de trabalho, ao estabelecimento do valor dos bens e dos serviços, bem como é o elemento para a unidade contábil dos governos, cuja responsabilidade em emitir moeda é exclusiva. Hoje o dinheiro tem muitas faces, podendo ser de metal, de papel, de plástico (cartões de crédito), virtual etc.
Por outro lado, o dinheiro não é nem vil nem metal, pois é seu usuário, pelo modo como o obtém, que define seu real valor ético. Mas é tão somente esta a questão? Ou podemos analisar sob outro paradigma? Psicologicamente, o ser humano possui natural desejo de ganhar, de obter bens para que realize seu destino e encontre o significado de sua vida. Esta tendência arquetípica, quando atendida sem o devido amadurecimento da consciência e sem o respeito ao direito do outro, ou da coisa pública, leva o ser humano aos conhecidos desvios éticos. Portanto, nem o dinheiro é vil, nem é de metal, mas a consciência que o deseja como meio para alcançar seus fins, por mais escusos ou nobres que sejam, é que requer a aquisição de habilidades que contemplem a noção de alteridade, de direitos humanos e de cidadania. Habilidades que permitam ao ser humano a administração de seu desejo de obter poder e de ter superioridade sobre seu semelhante.
A condenação aos réus corruptos, muito embora justa e bem aplicada, não resolve a questão da tendência a ganhar a qualquer custo, cujo direcionamento requer um contínuo e maciço investimento em educação, sobretudo da população infantil. A “endemia” da malversação do uso do dinheiro público atinge o cidadão comum, cuja passividade não pode continuar sendo combustível ao seu alastramento.