Diz o aforismo popular que o dinheiro é o vil metal. Metal, por
que antigamente era fabricado em moedas de metais considerados incorruptíveis
(ouro, prata etc.). Vil, ordinário ou instrumento de corrupção, porque aguçava
a ambição humana, atingindo a ética das pessoas. Na realidade, o dinheiro
atende a necessidades regulatórias dos processos que envolvem relações de
trabalho, ao estabelecimento do valor dos bens e dos serviços, bem como é o elemento
para a unidade contábil dos governos, cuja responsabilidade em emitir moeda é
exclusiva. Hoje o dinheiro tem muitas faces, podendo ser de metal, de papel, de
plástico (cartões de crédito), virtual etc.
Por outro lado, o dinheiro não é nem vil nem metal, pois é seu
usuário, pelo modo como o obtém, que define seu real valor ético. Mas é tão
somente esta a questão? Ou podemos analisar sob outro paradigma?
Psicologicamente, o ser humano possui natural desejo de ganhar, de obter bens para
que realize seu destino e encontre o significado de sua vida. Esta tendência
arquetípica, quando atendida sem o devido amadurecimento da consciência e sem o
respeito ao direito do outro, ou da coisa pública, leva o ser humano aos conhecidos
desvios éticos. Portanto, nem o dinheiro é vil, nem é de metal, mas a
consciência que o deseja como meio para alcançar seus fins, por mais escusos ou
nobres que sejam, é que requer a aquisição de habilidades que contemplem a
noção de alteridade, de direitos humanos e de cidadania. Habilidades que
permitam ao ser humano a administração de seu desejo de obter poder e de ter superioridade
sobre seu semelhante.
A condenação aos réus corruptos, muito embora justa e bem
aplicada, não resolve a questão da tendência a ganhar a qualquer custo, cujo
direcionamento requer um contínuo e maciço investimento em educação, sobretudo da
população infantil. A “endemia” da malversação do uso do dinheiro público
atinge o cidadão comum, cuja passividade não pode continuar sendo combustível ao
seu alastramento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário