Tudo na vida tem um ritmo que obedece a uma certa regulação, estabelecendo uma cadência. Alguns ritmos são acelerados, outros mais lentos, mas todos seguem um fluxo que se movimenta no tempo. Sintomático batizar-se de Lava Jato a operação que investigava doleiros e que chegou ao bilionário esquema de corrupção na Petrobras. Literalmente, investigava-se algo em cima de uma bomba de combustível que alimentava o fogo da corrupção. Felizmente o trabalho dos investigadores não seguiu a pressa da lavagem de carros, optando por ritmo menos acelerado, mas firme e direcionado pelos fatos, sem açodamento. O objetivo seria lavar a corrupção, passar a limpo o que manchava a sociedade e que utilizava o já escuro dinheiro do petróleo que jazia no subsolo brasileiro.
Do ponto de vista psicológico, trata-se de uma sombra que está instalada nos subterrâneos da personalidade humana que a leva à tentativa de superação da inferioridade ali instalada. Para vencê-la, com o desejo de superação consciente, no exercício do poder de obter ou conceder vantagens a qualquer custo, com a manipulação da máquina estatal, muitos resvalaram para a corrupção. Dizer que ela é sistêmica, ou não aceitar que esteja presente nas ações de todos os indivíduos, é não entender que se trata de algo opcional, que pode ser perfeitamente escolhido pelo amadurecimento da personalidade.
Educar os detentores do poder para que, quando em sua posse, não se permitam ser dirigidos pela tendência à superação do complexo de inferioridade, exigirá a criação de mecanismos de controle e do acompanhamento dos serviços que dispendem muitos recursos. Estes mecanismos incluem a criação de comitês de decisão, que possam aferir o grau de satisfação dos complexos psicológicos que porventura estejam sutilmente exigindo compensações no psiquismo daqueles que têm em suas mãos o poder de decidir a concessão de vultosos recursos. Não haverá corrupção quando a personalidade não mais necessitar superar sua própria inferioridade.
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