Muitas são as interpretações para a ascensão de Donald Trump ao poder como presidente da nação mais poderosa do mundo. Uma delas diz respeito à semelhança entre sua disposição em fazer com que os Estados Unidos deixe de ser o xerife do mundo e passe a tratar exclusivamente de seus problemas internos, como o pai que abandona o filho, então na adolescência, à sua própria sorte em seu contato com o mundo adulto. Quando um pai assim age, demonstra sua instabilidade, irresponsabilidade bem como atesta seu despreparo para conduzir aqueles que lhe foram confiados para que protegesse e orientasse o destino. Mesmo se sentindo órfão, o filho sabe que terá de enfrentar seus desafios para se tornar adulto, porém não esperava que o desligamento paterno fosse tão abrupto. É fato que o adolescente necessita superar o domínio psicológico de seus pais, revelando sua autonomia decisória quanto ao que lhe compete no mundo, sem o que, continuaria indefeso e dependente. Essa emancipação, muito embora necessária, não ocorre sem sacrifício nem muito menos com a complacência do mundo, que se aproveitará de sua inocência para lhe tirar vantagens.
Os países do mundo, qual adolescentes que são coercitivamente lançados na adultez, se mostram perdidos sem um protetor que lhes assegurem orientação adequada e cuidados ante os desafios a enfrentar. Os Estados Unidos vão cuidar de seus interesses, restando ao mundo se reorganizar para formar um organismo multilateral para cuidar de todos, sem outorgar a nenhum deles o permanente comando hegemônico. Trata-se de esforço contínuo para superação da insegurança ante as características de um mundo cheio de revezes, em que alguns se comportam como lobos vorazes que trucidam os mais frágeis. Será que o Brasil, se encontra em condições de gerir sua vida sem o providencial apoio americano, em que pese sua perigosa ingerência na política do país, sobretudo nos tempos da Ditadura? Neste sentido, o atual presidente americano pode estar agindo a favor da emancipação e amadurecimento do mundo para que se transforme num lugar em que todos venham a compreender o perigo de se acautelarem, armando-se uns contra os outros. Ou então assistiremos uma corrida dos que querem tomar o lugar de quem abdica de tutelar o mais frágeis e em dominar o comércio mundial.
Será que os países estão preparados para governarem a si mesmos, sem um pai, ou xerife, sem quem garanta a ordem mundial? Provavelmente não, mas talvez assistamos aqueles que foram tachados como vilões se redimirem e colaborarem com a paz mundial. Todos sabem que o gigante americano, sem a diplomacia e com o poderio que possui, não deve ser incomodado em seus interesses, sobre tudo quando o ocupante do cargo máximo é imprevisível.
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