Paira sobre as consciências lúcidas da
Bahia, outrora de tantos gênios, uma ideia dominante: os que tem poder, mesmo
que legitimamente conquistado, sabem o que fazem. Pressupõem-se, por terem sido
eleitos pelo povo, que agem imbuídos de dever cívico e sem interesses
particulares. Porém, o que se vê na prática, é diferente. Mas, a capacidade do
cidadão, sozinho ou quando representado por associações de classe, de mudar
isso é inversamente proporcional à sua inércia. Não há mobilização, consciência
política, exercício de cidadania nem maturidade psicológica para fazê-lo. Predomina
a outorga dessas atitudes a um outro poder, alienando-se a cidadania e a
própria dignidade. Se não fosse a Opinião Pública, além de poucas e tímidas
iniciativas heroicas de alguns, prevaleceria a alienação típica de certos
transtornos mentais. Será que o soteropolitano acostumou-se a não ser dono de
si mesmo e a acreditar que não tem competência para ser cidadão? Claro que não,
porém é preciso fazer algo. A ação deve começar no binômio escola/família. De
um lado, a escola seria o lucus onde
se implantaria e propagaria aquela consciência; do outro, o ambiente doméstico,
onde a criança recebe as primeiras noções de pessoa e de alteridade. Por mais
que se trabalhem outras formas e se instalem programas de enquadramento a
normas de conduta, eles não serão suficientes e capazes de conter as
deficiências primarias existentes. Dois programas são urgentes. O primeiro,
daria acesso a dona de casa, mãe daquela criança, a programas que envolvessem
cidadania e cuidado com a coisa pública; o segundo, promoveria a valorização do
educador, visando cuidar dele para que se capacite mais e melhor, além do
desenvolvimento de pedagogias mais eficazes. Precisamos retirar a Espada de
Dâmocles acima de nossas cabeças, pois vivemos sob intenso regime de instabilidade
social, ao sabor do humor e da boa vontade dos governantes. Não esqueçamos que,
originalmente, a espada pairava acima da cabeça do governante ad hoc.
Publicado no Jornal Atarde de 29.07.2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário