Nascida, como muitas outras ciências, nas
academias onde se estudava, além de Filosofia, a Medicina, a Psicologia veio
encontrar campo de definição de seu objeto de estudo em fins do Século XIX e
início do Século XX. Porém foi só a partir da segunda metade deste século que
se firmou como ciência do comportamento e dos processos psíquicos. Suas bases,
porém, não se firmam apenas naquelas duas ciências já que o ser humano pensa,
sente e se motiva, desde sempre, tendo seu comportamento observado e servido de
sustentação para o conhecimento em geral. A rigor, toda ciência é observacional
e o comportamento, reativo ou não, é seu maior testemunho. Como a Psicologia
trata também de processos não visíveis, nem diretamente detectáveis, sua
aplicação se estende às mais diversas áreas do comportamento humano: no trânsito,
nas empresas, na forense, na hospitalar, no esporte, na educação, em publicidade,
em pesquisas cientificas no seu campo de interesse e, principalmente, na clínica
(psicoterapia). Com diferentes perspectivas, nem sempre conflitantes, a ciência
psicológica se distribuiu em distintas abordagens, escolas e teorias que se
complementam. A busca do ser humano pelo saber, em particular, por si mesmo e
pela compreensão da mente, não tem limites temporais, razão pela qual a Psicologia
também tem suas raízes nas religiões antigas, nas seitas herméticas e na Alquimia.
Nesta última, o alquimista de ontem se transmutou no psicólogo de hoje que se
debruça em encontrar o imponderável, a razão máxima da mente que deseja ser
vista e harmonizada. A matéria química desconhecida do alquimista, sua pedra
filosofal, assemelha-se à matéria psíquica improvável de ser vista diretamente.
A proposta é alcançar o invisível, difícil de ser diretamente observado, na
tentativa de torná-lo palpável e mensurável. Qual alquimista, o profissional
que se debruça para entender o psiquismo deve ter curiosidade, perspicácia,
conhecimento profundo e, sobretudo, gosto pelo incognoscível.
Publicado no Jornal ATarde de 31.12.2014.
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