Paira sobre as consciências dos cidadãos
dignos e honestos um subliminar desejo de justiça ante as carências que existem
na sociedade. Não digo explícito, mas subliminar, por conta dos esforços nem
sempre assertivos de torná-la real. Nossos principais déficits são estruturais,
sobretudo em educação, saúde, saneamento básico, moradia, emprego, renda, sem
esquecimento das patologias sociais como a corrupção, a violência urbana e a
drogadição. Soluções são conhecidas, os responsáveis são exaustivamente
apontados, mas não parece haver mudanças significativas. Mesmo com reconhecidos
esforços de uns e ante a irresponsável incompetência de outros, a situação em
algumas regiões beira o caos social. Além de vontade política por parte das
classes dominantes e dos responsáveis pela administração pública, falta uma
outra vontade, desta feita na alma de cada cidadão, para que o sonho de uma
sociedade justa e harmônica efetivamente ocorra. Não se trata de transferência
de responsabilidade nem de querer igualar a magnitude e o valor de ambos
para solução dos problemas comuns, mas
de implantar na mente de cada cidadão sua responsabilidade. Isto implica numa
maior atenção a educação infantil, pois se trata de preparar o cidadão de
amanhã. Há que cada cidadão se pergunte o que faz além de pagar seus impostos,
caros e nem sempre bem empregados, pois não deve aceitar a situação em que sua
sociedade se encontra. A maioria esmagadora dos cidadãos teve sua cidadania
roubada pelo despertar da cobiça promovida pelas desigualdades sociais, cuja
solução deve começar pela atenção prioritária no preparo do cidadão de amanhã,
para que o hoje um dia chegue. O que se passa na escola pública acontecerá na
sociedade, pois ali se forja o cidadão comum. Implantar o desejo de mudança,
educando a criança para a cidadania parece ser o mais próximo do ideal
pretendido por todos. A eficácia de políticas públicas requer que o cidadão
esteja motivado e preparado para ser o principal autor de seu destino.
Artigo publicado no Jornal ATarde de
03.06.2015.
Muito coerente.
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