Para muitos, estas duas áreas do saber
humano se confundem, para outros, são diferentes faces da terapêutica dos
transtornos mentais; porém é preciso conhecê-las para que sejam valorizadas em
suas importantes contribuições à saúde psíquica. A psiquiatria, mais antiga que
a psicologia, desde alguns séculos antes de Cristo, tem seus primórdios
associados a práticas de cura dos alienados da sociedade; já a Psicologia, que ainda
não completou dois séculos desde que os estudiosos do comportamento humano
iniciassem sua teorias a respeito da dinâmica psíquica, tem se ocupado dos
processo mentais envolvidos.
A antiga pecha de cuidar de loucos não
cabe mais a nenhuma das duas, pois atuam principalmente na população
considerada saudável e que busca o equilíbrio da consciência para enfrentamento
da vida cotidiana. A rigor não há loucos nem doidos, mas pessoas que assim
foram rotuladas porque o referencial psíquico do eu não se enquadrava na
conformidade coletiva, por se tratar de algo inconsciente.
Na arte de curar, ambas visam o
diagnóstico para alívio e erradicação de todo tipo de sofrimento mental, mesmo
que partam de diferentes considerações a respeito de suas causas. Têm distintos
objetos de estudo, além de variados métodos de promover a cura do que
consideram doença. Enquanto a psiquiatria enxerga o cérebro e sua rede
neuronal, suas sinapses e neurotransmissores, a psicologia penetra na dinâmica
dos processos psíquicos que vão além da materialidade cerebral. A psiquiatria é
objetiva em sua terapêutica, enquanto que a psicologia é subjetiva em suas
considerações sobre as causas. Imprescindível o diálogo entre elas, quando se
trata da ocorrência da transtornos psíquicos com graves prejuízos funcionais.
Sem hierarquia, porque são terapêuticas complementares e interdependentes,
merecem um diálogo mais maduro pelas academias para que os currículos que
formam seus profissionais abordem os aspectos inconscientes e culturais na
gênese das doenças mentais.
Artigo publicado no Jornal ATarde de
25.02.2015.
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