A Psicologia ganhou maior
visibilidade após o advento da Psicanálise, quando Sigmund Freud desvendou os
mistérios da dinâmica psíquica, propondo a existência do id, do ego
e do superego como seus
agentes funcionais. Porém, seus rumos não ficaram atrelados ao desenvolvimento
das teses freudianas, pois a Psicologia, nos Estados Unidos, em face do
pragmatismo de sua filosofia, tomou outros contornos, principalmente na
Educação. Em fins do Século XIX, a Psicologia na Europa, de um lado, pela
cultura alemã, investia na positividade, na quantificação e na parametrização
dos fenômenos psíquicos, com seu primeiro laboratório; do outro, pela
influência da Psicopatologia, a Psicologia enveredou pela saúde mental, graças
aos estudos do psiquiatra Jean-Martin Charcot, na França. Mesmo tendo este viés
de cuidar da saúde mental, razão da associação da Psicologia com a loucura, que
gerou o preconceito de que psicoterapia é “coisa de maluco”, seu alcance tem se
estendido muito além deste equívoco. Psicoterapia é arte de pessoas sérias,
para todos que desejem olhar para si e para os rumos de sua própria vida. A
psicoterapia está saindo dos consultórios chiques e caros que tratavam a
chamada histeria, para se tornar produto acessível a todo cidadão,
independentemente de ter ou não algum distúrbio mental. Psicoterapia é útil
para análise da própria vida, para entendê-la, para lhe dar sentido, visando
uma melhor atuação do indivíduo no mundo, bem como para sua própria
autorrealização. A proliferação de faculdades de Psicologia, mesmo com cursos
carecendo de melhor qualificação, é reflexo da demanda crescente pela
profissão, cujo profissional que é formado nem sempre foi adequadamente preparado.
Em dois centros de atendimento terapêutico gratuito, em Salvador, pode-se
observar que a demanda não tem sido de portadores de transtornos psíquicos, mas
de pessoas com processos simples que envolve dificuldades em entender sua
própria subjetividade nas relações interpessoais que estabelece.
Artigo publicado no Jornal ATarde de 14.01.2015.
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