O ser humano ocupa, na escala filogenética, o ápice da
capacidade de adaptação ao meio em que se situa. Dotado de inúmeras faculdades
e do poder de transformar o meio ambiente de acordo com suas necessidades, com suficiente
visão de futuro, remodela tudo que se passa a sua volta. As mudanças que
promove não acontecem apenas na sociedade, mas principalmente em sua mente, em
seu corpo e nas relações que estabelece com seu semelhante. É exatamente nas
relações com seus pares que mais tem ocorrido mudanças, principalmente no campo
afetivo, pois ele é, sem sombra de dúvidas, um animal afetivo, graças ao
processo de evolução que o fez surgir do simples coacervado até alcançar a
constituição de um organismo de grande complexidade. Porém, sua evolução não se
dá tão somente na conquista da enorme gama de faculdades de seu corpo, mas,
principalmente, na construção de um psiquismo flexível e complexo que o
capacita ao desempenho de tarefas de alta cognição. Entre as conquistas
promovidas pelo seu psiquismo está sua capacidade afetiva, fruto das interações
com seus semelhantes.
Sua afetividade é consequência do uso da sexualidade,
que, inicialmente, veio para atender seus instintos, estimulada pelo prazer,
mas que evoluiu para o desenvolvimento da capacidade afetiva, num processo de psiquificação
do que era meramente físico. Neste processo, o “homo sapiens” evoluiu para se
tornar o atual “homo affectivus”, que o leva experimentar o prazer a partir de
experiências subjetivas, independentemente de suas sensações corporais.
Diferentes formas de vivenciar esta conquista evolutiva fizeram surgir novos
modos de acasalamento. Por conta desta conquista, a homossexualidade é um capítulo
da homoafetividade, tanto quanto a heterossexualidade é da afetividade geral,
quando desejo e sentimento se fundem plasmando a saudável troca de energias
vinculadas ao afeto e ao prazer. Entender que o ser humano é livre para
manifestar sua afetividade nos levaria ao respeito a toda forma de convivência.
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