Inegáveis avanços políticos, com reflexos na vida cotidiana, foram promovidos pela Operação Lava Jato. Basta citar a ampla discussão sobre corrupção, mesmo que restrita à perpetrada por políticos. O assunto passou a dominar a maioria das conversas dos brasileiros. Alguns sem uma noção real da questão, considerando-a tão somente no âmbito da política partidária. A continuidade da Lava Jato significa ir adiante com a filosofia norteadora para além da política. Por detrás da Lava Jato está a licitude, a lisura, o respeito ao alheio, o esforço pessoal, o empreendedorismo, o mérito, a educação básica, a autodeterminação, tudo isto dirigido ao cidadão comum e não apenas ao detentor de cargo público.
Sem ser o culpado, mas tendo sua responsabilidade, o cidadão é o principal interessado para aquela continuidade, visto que implica resgate da própria dignidade, garantia da aplicação da justiça e do correto uso dos recursos públicos oriundos dos impostos pagos. Por onde começar? Não se trata de simples decisão de mudar, pois são hábitos antigos que facilitaram a existência da corrupção. Esta cultura vem desde o Império, aumentando com a instalação da República, pois criou-se a figura do indivíduo detentor do poder de decidir sobre o uso de dinheiro público. As regras criadas deixam enormes brechas para corromper, prevaricar e levar vantagens indevidas.
O que se vê no mundo político são conchavos, licitações às cegas, de transparência no uso de recursos públicos, nomeação pelo Executivo de pessoas que deveriam ser responsáveis pela fiscalização dos atos de quem as nomeiam e projetos de hegemonia partidária. O voto obrigatório, mesmo sendo um instrumento democrático, não tem sido suficiente para mudar o que pertence à natureza da sociedade e que se encontra intrínseco no modo de ser do cidadão. Há muito que mudar, mas também muito que preservar. É preciso mudar as instituições que emperram o desenvolvimento e outras que facilitam falcatruas. É preciso manter a força agregadora do povo e a ética das pessoas que desejam um país melhor.
É obvio que a mudança que queremos na sociedade deve começar na escola, sobretudo na educação infantil. É preciso formar novas gerações comprometidas com uma sociedade justa, igualitária e harmônica, sobretudo constituídas de pessoas que se orgulhem de seu próprio caráter. Pessoas que desejam o melhor para si, para o outro e para a sociedade.
Ir além da política, é também penetrar no ambiente doméstico, nos templos religiosos, nos veículos de comunicação e nos seguimentos onde constem formadores de opinião para a constituição de um pacto em que todos se sintam responsáveis pelo problema e, simultaneamente, pelas soluções. Ir além da política é fazer a necessária autocrítica para implicar-se em soluções de autocura e de melhoria pessoal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário