Há um medo latente na consciência humana que limita e oprime dificultando que se desenvolva e mude a realidade aversiva em que vive. Medo de sofrer, de ser castigado pelo Deus em que acredita e medo quanto ao próprio futuro, provocam atraso e paralisia em sua vida. Há um entendimento comum de que o medo surge por causa de um agente externo que provocaria dor ou sofrimento. No entanto, tudo decorre de uma cultura massificadora de que se trata de um ente deliberadamente designado para aquela finalidade agressiva.
Há elementos culturais que contribuem para que a mente humana seja cristalizada em dogmas e princípios caducados, cujo fundamento está na crença de que a ignorância é um atributo natural e congênito. Os talentos precoces denunciam que assim não é e que todo indivíduo apresenta um saber natural que vai muito além de seu meio. A promessa de que o ser humano tem direito a um paraíso, desde que obedeça a certas regras, é um desses princípios caducos, pois promove a ideia de um futuro imaginário, desprezando-se o próprio presente.
O ser humano precisa ter assegurado seus direitos e garantias individuais, necessita de segurança pública e de uma boa educação, e, sobretudo, que não lhe imponham qualquer doutrina alheia ao seu desejo de liberdade no pensar. Enquanto isto não ocorre, é obrigado a viver sob contingências opressoras oriundas de extremistas de bandeiras políticas diversas.
Mas, o principal medo, no fundo, é o de viver uma vida sem sentido ou com uma angústia lancinante que atormenta o indivíduo, dificultando sua crença em si mesmo e em sua capacidade de realizar seu próprio destino. Este medo é resultante da ideia retrógrada de que o cidadão deve contar com o governo, com o conforto religioso ou com alguém que magicamente vai lhe resolver os problemas.
Só a coragem de viver, que impulsiona para a criatividade e oferece energias para as realizações que dependem do esforço e do sacrifício exclusivamente pessoal poderá oferecer saídas mais efetivas contra o medo; só a consciência liberta de peias, de doutrinas alienantes, sejam políticas, religiosas ou filosóficas, consciente de que deve se tornar proprietário de si mesmo poderá eliminar seus medos; só a disposição permanente de viver e empreender uma vida saudável, produtiva, baseada no trabalho, poderá eliminar os medos humanos; só a autoconfiança, fundamentada na certeza de que a propriedade de si mesmo depende de uma educação formal e doméstica com dedicação e disciplina retirará o medo do fracasso pessoal.
O medo arquetípico é inconsciente, com reflexos na vida comum, exigindo que o ser humano busque sua autonomia, à revelia dos que pregam seu engajamento cego e absurdamente alienante em movimentos coletivos. É preciso que o ser humano realize seu voo, livre de dogmas e de doutrinas cegas.
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