O humano é um ser respondente que constrói uma personalidade como reação ao seu movimento interno para realizar a vida. Em sua personalidade constam adições de ideias e crenças que buscam reduzir a tensão provocada pelo impulso psíquico que lhe é inerente. A adoção e prática de uma religião é uma dessas opções, talvez a mais sedutora, para aplacar a tensão gerada por sua dificuldade em compreender esta força interior que lhe exige inexoravelmente viver.
São muitas opções, quantas são as religiões, cuja importância está em também permitir a sobrevivência e o equilíbrio psíquico do ser humano. Sem elas, a alma tende a se perder em diferentes modos de alienação, sobretudo pelo entorpecimento dos sentidos, o que revela se tratar de uma força irrefreável. Quanto mais o ser humano descobre sua religião pessoal, melhor compreende sua existência e seu destino.
Quando o ser humano não adota uma religião, necessariamente apresenta uma filosofia que lhe corresponde em valor e a ela entrega seus melhores argumentos em substituição à fé. Esta substituição se deve ao distanciamento gradativo entre as doutrinas religiosas e o conhecimento humano, que cada vez mais o põe em contato com a percepção direta do significado da vida e da realidade em que se situa.
Há diferentes modos de expressão da religiosidade humana, sendo o mais comum o que segue regras e rituais que pretendem elevar a pessoa a uma transcendência que produza o sentimento profundo de realização interior. Neste estado, em comunhão com sua mais íntima essência, o ser humano consegue ter as respostas que tanto busca em sua vida para atender sua designação espiritual.
Religiosidade é atitude para com o sagrado, a serviço do bem-estar pessoal e coletivo que irmana todos os seres humanos me torno de um ideal comum. Longe de ser meio de salvação ou de separação, torna-se motivo de comunhão e elevação espiritual quando considera o amor, a paz e a harmonia na Terra como máximas a serem seguidas. Ao propor a imortalidade e a singularidade do ser humano, as religiões atingem a mais íntima essência da criatura humana, reduzindo sua angústia ante a morte.
São as religiões que produzem certos ícones que servem de exemplo para a humanidade, pois sugerem ética, compaixão e espiritualidade em seus atos. Com eles, aprendemos que a vida encontra seu sentido e significado quando o outro é compreendido em sua diversidade, amado por sua identidade singular e respeitado em sua condição de criatura divina. Um destes bons exemplos encontramos em Irmã Dulce, cuja religiosidade transcendeu os muros da própria religião que adotou, levando às pessoas a certeza de que o bem faz bem e produz sentido para a vida. O reconhecimento público de sua vida, de sua obra e de sua fé traduz a importância de sermos pessoas mais solidárias, portanto, mais humanizadas.
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