sábado, 3 de outubro de 2015

Diáspora

Os movimentos migratórios na Humanidade datam de muitos séculos antes de Cristo, quando povos nômades se deslocavam de áreas inóspitas para outras, em busca da sobrevivência de seus membros. São conhecidas as diásporas (dispersão forçada ou voluntária de povos) gregas, africanas, judaicas e armênicas cuja importância se deve à influência que provocaram nas culturas por onde se espalharam. A mais famosa delas, a diáspora judaica, em que pese o lamentável sofrimento provocado ao povo judeu, contribuiu em muito para a disseminação de invenções e de conhecimentos avançados oriundos de sua cultura.
A atual onda migratória é uma diáspora atípica pela quantidade de povos envolvidos, pois não se trata de um grupo cultural, etnia ou religião, mas de diferentes massas migratórias que fogem da fome, do desemprego, da guerra e de perseguições diversas.  A direção escolhida é uma só: União Europeia, especificamente Reino Unido, França e Alemanha. Logicamente a opção decorre de uma escolha econômica, pois são países ricos que, lentamente discutem cotas de imigração para eles. Porém, se analisarmos sob o ponto de vista sociológico podemos enxergar um retorno do que feito por estes e outros países da Europa, na África, no Século XIX. Eles dividiram o continente africano por interesses imperialistas e econômicos, mão-de-obra barata e grande oferta de matérias-primas. Talvez agora estejam pagando o preço pela aventura colonialista.
Com os acontecimentos recentes, o cidadão europeu deve estar se perguntando por que tem de pagar este preço. A resposta é extensa pois envolve fins humanitários, aceitação do outro e suas diferenças, percepção da fragilidade de fronteiras que dividem pessoas, irracionalidade do apoio a governos que alimentam guerras além da permanente responsabilidade de cada cidadão pelo destino de todos que vivem sobre a terra. Quando o ser humano entender que tudo que faz repercute psicologicamente em seu meio e forja seu destino, terá mais cuidado com seu semelhante.
Publicado no Jornal ATarde de 09.09.2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário