A
base de todo preconceito é um complexo
psicológico inconsciente, também conhecido como recalque. Quando se rejeita uma
característica manifesta ou subjetiva em alguém, esconde-se uma dificuldade em
reconhecer uma inferioridade inconsciente, cuja representação, na Consciência,
é a superioridade. Preconceitos religiosos, culturais, étnicos, de gênero ou
qualquer outro não são raros nem é privilégio de qualquer grupo social, visto
que existem e existiram em várias épocas da história da Humanidade. Basta que
nos lembremos da discriminação aos judeus, da escravidão dos negros e, mais
recentemente, aos chargistas do Charlie Hebdo, na França.
Reagir
ao preconceito, afirmando uma identidade e reforçando uma característica que
consolide um grupo exclusivo de pessoas, pode ser tão pernicioso quanto, pois
polariza-se a questão em foco, criando uma outra casta em oposição a que se
combate. Esta atitude contribui para a não valorização do caráter coletivo que
define a pessoa humana, privilegiando uma particularidade que tão somente faz
parte da diversidade de caracteres, cujo somatório constitui o que se conhece
como sendo a natureza humana. O respeito à diversidade, enxergando suas
próprias diferenças, sem projetá-las nem discriminando o outro parece ser a
atitude mais genuinamente humana a ser adotada.
Quando
se vê um povo que, ao migrar de sua pátria e, ao tentar se inserir em outra, é
discriminado há de se perguntar onde está o sentimento humanitário bem como
onde anda a percepção de que somos todos participantes de uma mesma família
universal? Preconceito é falência da condição humana e perda da noção de
pessoa, abrigando em si o complexo
patológico de inferioridade. A estigmatização de qualquer pessoa denuncia o
desconhecimento dos mecanismos de defesa que dificultam a autopercepção e
contribuem para a alienação de si mesmo. A mente humana possui esta e outras dinâmicas,
principalmente a de colocar o indivíduo frente a frente consigo mesmo.
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