Vendo o triunfo
aparente da corrupção no país, sabendo do jeitinho brasileiro e da cultura do
levar vantagem em tudo, pergunto-me o que identifica minha pátria? Seriam seus
símbolos nacionais? Sua bandeira ou seu hino? Seria sua língua, que, embora
falada em vários países, une o povo? O carnaval, propagado como o melhor é
maior do mundo? As desvastadas verdes matas? A falada hospitalidade do povo? Ou
seria o fato sazonal e exclusivamente capitalista de ser a sexta economia do
mundo? Estes símbolos, por mais que sejam importantes é representativos da
nação brasileira não me despertam o sentimento, que gera um bom orgulho, de
dizer-me brasileiro. Penso que deve existir um sentimento que vai além do
nacionalismo, ou que inevitavelmente o gera, que provoca o desejo subjacente de
manter seus valores e de propagar sua cultura. Mas qual a origem, a natureza e
a força deste sentimento? Como fazê-lo nascer nos filhos desta pátria, além de
estimular e garantir sua manutenção? Esta não é uma tarefa ou responsabilidade
de presidentes ou de governos, mas um trabalho pessoal de cada cidadão,
executado na consciência de cada um.
Mas eu tenho um
sentimento de pátria, cuja característica principal é o fato de considerar que
todos somos iguais. Penso que nasci num lugar onde se sabe que todos os
habitantes do planeta são iguais e que devem ser tratados como filhos de uma
mesma terra. Creio que meu sentimento, se assemelha ao existente no nordestino,
que se apresenta como resiliência, determinação, perseverança ante adversidades,
compaixão pelos mais fracos e o desejo permanente de que todos alcancem seu
próprio brilho. Não se trata de algo que exclua os demais brasileiros, nem
exacerbe regionalismos, mas que possa conter valores altruístas, que possa
estimular o desejo de produzir prosperidade, bem como a construção de uma
sociedade melhor. Este mesmo sentimento também está associado à ordem, à
justiça social, ao cuidado com tudo que diga respeito ao bem público
pertencente ao país.
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