sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Minha pátria

Vendo o triunfo aparente da corrupção no país, sabendo do jeitinho brasileiro e da cultura do levar vantagem em tudo, pergunto-me o que identifica minha pátria? Seriam seus símbolos nacionais? Sua bandeira ou seu hino? Seria sua língua, que, embora falada em vários países, une o povo? O carnaval, propagado como o melhor é maior do mundo? As desvastadas verdes matas? A falada hospitalidade do povo? Ou seria o fato sazonal e exclusivamente capitalista de ser a sexta economia do mundo? Estes símbolos, por mais que sejam importantes é representativos da nação brasileira não me despertam o sentimento, que gera um bom orgulho, de dizer-me brasileiro. Penso que deve existir um sentimento que vai além do nacionalismo, ou que inevitavelmente o gera, que provoca o desejo subjacente de manter seus valores e de propagar sua cultura. Mas qual a origem, a natureza e a força deste sentimento? Como fazê-lo nascer nos filhos desta pátria, além de estimular e garantir sua manutenção? Esta não é uma tarefa ou responsabilidade de presidentes ou de governos, mas um trabalho pessoal de cada cidadão, executado na consciência de cada um.
Mas eu tenho um sentimento de pátria, cuja característica principal é o fato de considerar que todos somos iguais. Penso que nasci num lugar onde se sabe que todos os habitantes do planeta são iguais e que devem ser tratados como filhos de uma mesma terra. Creio que meu sentimento, se assemelha ao existente no nordestino, que se apresenta como resiliência, determinação, perseverança ante adversidades, compaixão pelos mais fracos e o desejo permanente de que todos alcancem seu próprio brilho. Não se trata de algo que exclua os demais brasileiros, nem exacerbe regionalismos, mas que possa conter valores altruístas, que possa estimular o desejo de produzir prosperidade, bem como a construção de uma sociedade melhor. Este mesmo sentimento também está associado à ordem, à justiça social, ao cuidado com tudo que diga respeito ao bem público pertencente ao país.
Artigo publicado no jornal ATarde de 07.10.2015. 


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