segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Escolhas

Escolher é ato soberano de uma pessoa. Na hora de escolher, toda a subjetividade é considerada para que se determine a primazia de uma opção entre muitas. Considerações arbitrárias, desejos reprimidos, influências ocultas, medos e anseios participam do processo de escolha, direcionando a decisão a ser tomada. Por fim, toma-se a decisão nem sempre com a certeza de ter feito a melhor escolha. Opta-se pelo que é considerado certo, ou mesmo, pelo que se sabe errado, mas que é tido como adequado. Escolher é utilizar o instinto, a inteligência e o sentimento para o alcance do que proporcione melhor bem-estar. Porém, nem sempre estas instâncias estão devidamente alinhadas internamente. Muitos, com dificuldade de definir com precisão o que querem, optam por escolher influenciados por fatores alheios ao seu verdadeiro querer. Seguem os outros ou, mais especificamente, a alguém a quem admiram.
Compreensível a indecisão quando as opções se assemelhem ou se pareçam adequadas a partir de alguns parâmetros apressadamente erigidos. Muitas vezes, nestes casos, abdica-se da autoria consciente da escolha, entregando-a a terceiros, cuja causa se encontra na falta de amadurecimento para efetivar sua real predileção. Alguns se escondem no coletivo para escamotear sua opção, por não querer serem julgados ou criticados por uma escolha considerada discrepante ou absurda. Uma pessoa é autônoma, madura e adulta quando é capaz de justificar sua escolha e assumir as consequências advindas.
Escolher é uma arte pessoal que tem implicações relacionadas às pessoas com quem convivemos, principalmente quando se opta por algo que vai impactar as decisões dos outros. A responsabilidade é maior. Quando se tem apenas duas opções, o problema é também grande, pois abandona-se a pluralidade de possibilidades, o que poderia contemplar o atendimento a anseios mais específicos. A polarização maniqueísta de um ou outro, do certo ou do errado, do bem ou do mal, ou de qualquer outro julgamento que se faça, limita, pois excluem-se opções que atenderiam requisitos especiais de cada um. Quando se tem que escolher entre duas opções, obriga-se a aceitar tudo de ruim que apresentam.
Quando o jogo da vida nos obriga a escolher apenas entre duas opções, sinaliza para a falta de criatividade e de construir outros modelos que permitam o atendimento de opções que nos tranquilizem o mundo íntimo. Não basta escolher uma opção que momentaneamente resolva externamente nossas necessidades, pois, com o tempo, costuma ser relegada ao abandono. O ser humano sempre estará em busca de algo mais profundo e mais singular, que lhe produza o sentimento de autorrealização, razão pela qual estará insatisfeito e inquieto. Mesmo querendo mais do que duas opções, observe se uma terceira, ou outras mais, não se assemelham. Além da quantidade, a qualidade será sempre desejada.

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