Todo ser humano deseja falar, expressar o que se passa em sua Consciência, exteriorizando seu mundo íntimo para alívio da tensão gerada em sua mente. Em geral, emoções, pensamentos e ideias se misturam numa fantástica alquimia que transforma a mente em um grande palco onde gritos e sussurros aparecem simultaneamente. São falas e imagens que desejam expressão para que haja pacificação interior. Não falar é adoecer a alma. Melhor seria harmonizar o próprio mundo interior, para que a expressão possa ser equilibrada e venha a sair sem a imperativa pressão que dificulta as relações humanas.
É necessário saber fazer silêncio em um mundo conturbado, cheio de ruídos oriundos de todos os lados. Mas, mais importante do que o silêncio externo, é o interno, alcançado pela capacidade de harmonizar emoções, pensamentos e ideias que fervilham em sua mente. O silêncio da alma é fundamental para um bom equilíbrio psíquico e para uma vida saudável. Fazer silêncio interior é ter a habilidade de lidar bem com o que se passa em sua mente sem julgamentos, discriminações ou receio de pensar a respeito.
Há o hábito de querer afastar pensamentos negativos como se se tratassem de males externos que podem desequilibrar a pessoa. Livrar-se do mal, aprendendo a entender sua origem e a impor-se ante o significado atribuído pela própria pessoa, não é o mesmo que, a qualquer custo, extraí-lo da própria consciência. Não temer o mal significa desmistificar seu significado, considerando-o simples contraditório interno que carece de compreensão. Não há mal externo, mas tão somente um julgamento interno promovido pelas crenças e valores pessoais.
Silenciar a alma é refletir sobre cada emoção, pensamento e ideia antes de querer sumariamente expressá-las ou de querer eliminar o que carece de acolhimento, compreensão e direcionamento adequado. Fazer silêncio interior é uma arte difícil, pois o hábito de se deixar influenciar pela tendência coletiva, aderindo ao que pretende a massa ou grupo de pessoas, é muito intenso e comum, fazendo com que a expressão natural da fala se transforme em um grito inconsequente.
Silenciar, ante situações de conflito, requer calar o impulso de dizer o que quer desmesuradamente explodir. É preciso calar momentaneamente a mente, para alinhar os pensamentos e formular ideias mais coerentes e adequadas. Muitos gritam, poucos sabem silenciar suas dores, suas revoltas e suas angústias, optando impulsivamente por projetá-las externamente em alguém ou em um alvo coletivamente execrado.
O silêncio da própria mente pode ser alcançado quando o ser humano começar a entender que ele não é o vilão da vida, que seu semelhante não é a causa de seus infortúnios e que o mal é tão somente um julgamento interno, de cunho moral, inadequado a ser ressignificado e não tornado ato. Silencie para que haja harmonização interior.
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