Minha formação como psicólogo se deu na Universidade Federal da Bahia, depois de ter passado, até a conclusão do segundo grau, por quatro escolas públicas. Portanto, minha formação básica foi em escola pública e gratuita. Grande parte de meu conhecimento e de meu caráter devo aos meus professores.
Não tenho dúvidas sobre a necessidade premente de valorização do professor e da importância de seu lugar como elemento organizador e estruturador do que ocorre em uma sala de aula. Creio que parte da violência vista em escolas públicas, chegando até à tragédia de um massacre com mortes, tem como uma de suas inúmeras causas o descaso ao professor. Sua formação, sua remuneração, sua autoridade e seu valor têm sido negligenciados pela sociedade, pelos governos e pela opinião pública.
Onde estão as mentes lúcidas de nossa terra que não percebem isto? Deixam a carreira e o papel do professor em sala de aula à deriva, sem pudor, buscando medidas paliativas, mesmo que necessárias, tão somente reduzindo os efeitos.
O empoderamento do aluno deve ter limites, portanto, não pode ultrapassar a autoridade do verdadeiro gestor do ensino. A pedagogia deve merecer significativas alterações, pois o aluno de hoje não é mais uma criança desinformada e desprovida de senso crítico. A pedagogia, que, etimologicamente, é a condução de crianças, deve ser substituída por uma outra ciência que se ocupe da condução de pessoas informadas pela tecnologia. Temos que criar uma ciência que se volte para o ensino deste novo ser do Século XXI, que, mesmo sendo uma criança, e, portanto, não sendo um adulto, detém um apurado senso crítico e um volume incalculável de informações sobre tudo que a cerca, e que acredita que tudo pode com o apertar de um botão.
Como o professor vai lidar com este novo ser sem estar preparado para tal desafio? Certamente não é ele que vai portar uma arma ou vai ser um mártir, mas é ele que vai conduzir este aluno para que o respeite, como também ao que é público. O aluno, desde o berço, deve ser educado para ser um cidadão, que aprende que o espaço público não lhe pertence nem dele possui uma cota que possa reivindicar como sua, pois se trata de um bem de propriedade coletiva.
Acirrar o debate sobre educação, transferindo-o para a polarização política é um caminho que a retira do foco para jogar os holofotes sobre o partidarismo de ocasião que, jogando com os verdadeiros protagonistas, toma-lhes o lugar. Assemelham-se, os oportunistas em política, a aves de rapina que, sugando a última gota de sangue de suas vítimas, mata-as, locupletando-se com seus cadáveres.
As mentes lúcidas de uma sociedade evoluída devem ser os professores, pois são eles que conduzem pessoas para aprenderem a aprender. São eles que estimulam o melhor em seus alunos. Eles não são a causa, mas certamente são a solução para muitos problemas que ocorrem com a educação em nosso país.
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