Tipos humanos quando envergam um personagem que ganha notoriedade, seja pelo talento manifesto por alguma habilidade ou por motivos outros, acabam por seguir um protocolo padrão de geração de uma caricatura de si mesmos. Tornam-se escravos de sua vaidade e do títere que assumiram para o público. Não percebem que jogam para a torcida, vivendo uma vida inautêntica.
O fenômeno da internet, com suas redes sociais, alijando, ao menos inicialmente, os meios tradicionais de comunicação, contribui sobremaneira para esta alienação pessoal. Constitui-se o palco para o títere encontrar-se com seus admiradores de ocasião. De forma inconsciente, alimentam o personagem com qualidades que não possuem, tornando-se o que gostariam de ser e que não são.
Mentem deslavadamente, transformando em realidade aquilo que se passa em seu delírio psicológico, contaminando pessoas incautas e assaltando a história a seu favor. Praticam a mentira patológica, doentia e contaminadora de mais virulência.
A mitomania costuma atingir figuras públicas que se inebriam pela vaidade compensatória, oriunda de uma inferioridade inconsciente. Criam um personagem idealizado pelo desejo de manutenção de uma imagem agradável ao coletivo, ao gosto de uma mídia sequiosa de que continuem produzindo o que seus simpatizantes preferem.
Eles, os mitomaníacos, vão além da classe política, postulando-se nos muitos palcos oferecidos pela modernidade, sobretudo quando encontram um nicho em que se locupletam. Outros, mais insanos, acreditam que estão dentro das regras do jogo e se afirmam heróis ou mártires de uma revolução imaginária, por eles encabeçada, que atrai os que buscam soluções mágicas, e pelos outros tornadas possíveis, para saírem da inércia em que a própria incompetência os situam.
São santos de uma pseudo-religião por eles inventada, posando como se fossem profissionais de um show business falido e eticamente insustentável. Mentem, enganam e distorcem sem o menor pudor, produzindo fake news como sintoma de sua mitomania. Escondem-se por detrás do personagem criado. Geralmente o personagem é legitimado por um grupo, corporação, classe ou pela própria sociedade que constrói seus mitos. Distorcem os fatos, alterando a realidade, para se colocarem como vítimas, buscando sintonia com os pobres, ou com os estropiados ou com os indefesos.
Como evitar este fenômeno midiático? Como fazer nascer uma sociedade que alija os que veem o mundo como um locus de realização de sua vaidade e de sua glorificação endeusada? Não resta dúvida que precisamos de pessoas lúcidas, educadas dentro de um sistema ético e comprometidas com valores capazes de elevar a pessoa humana à sua máxima dignidade. O início deste laborioso processo está na educação de base, portanto, em uma escola cujos professores sejam valorizados e preparados para uma nova onda de excelência do ensino.
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