Vivemos em tribos dentro de uma mesma sociedade, falando o mesmo idioma, porém utilizamos diferentes linguagens, que dependem dos interesses de cada um. Uma mesma pessoa pode fazer parte de diferentes tribos que se misturam, formando um grande mosaico de grupos socais que compõem uma sociedade. Qual poliglota, o cidadão comum pode se utilizar de muitas linguagens. As tribos defendem seus interesses e trabalham pelas conquistas que consideram importantes e que são mantenedoras de suas existências. A linguagem interna de cada tribo é composta pelos objetivos que pretende alcançar, pelos interesses que defende e pela razão consciente que apoia.
Há tribos, por exemplo, que defendem as escolas e lutam pela melhoria da qualidade e de ampliação de sua quantidade. Dentro desta tribo existem os que se dedicam aos direitos de seus professores e seus salários. Há também os que lutam por melhores propostas pedagógicas e pelo conteúdo do que é passado para os alunos. São tribos dentro de tribos, com diferentes linguagens. Seus elementos vivem sintonizados por ideologias que nem sempre se tornam conscientes. Defendem seus pontos comuns quando manifestam suas preferências e quando falam em conversas reservadas.
Alguns fazem parte de tribos que se especializam em ludibriar, enganar ou corromper. São mestres da desonra e da quebra dos máximos valores que erigiram a civilização. São pessoas que utilizam a linguagem da cobiça, do ganho fácil e do poder a qualquer custo. A linguagem usual contempla o engodo, a esperteza e a desonestidade. Nem sempre são poderosos, políticos ou ocupam cargos importantes. Desta tribo fazem parte pessoas das várias classes sociais, que se vestem bem como também andam em farrapos, pois cada um deles se situa onde seus interesses os levam ou onde sua inteligência pode alcançar. Para que esta linguagem desapareça é preciso que uma outra se sobreponha, cujos verbos contenham ideologias da prosperidade, do bem-estar público, do respeito ao outro e da dignidade da pessoa humana.
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