domingo, 16 de dezembro de 2018

Transumanos

Antigamente eram três os reinos da natureza: Mineral, Vegetal e Animal. Hoje assistimos a necessidade de incluir mais uma categoria. Aos três primeiros reinos, foram acrescentados o Protista, o Monera e o Fungi, deixando de fora os vírus. Trata-se, agora, da categoria Transumano (ou transhumano). A ampliação das capacidades intelectivas humanas, que vão além do que seu organismo biológico naturalmente pode oferecer, parece não ter limites. Assistimos a uma revolução silenciosa na manifestação da inteligência humana aplicada ao seu viver. O uso cada vez maior de equipamentos e acessórios que possibilitam que a vida aconteça por mais tempo, de forma mais confortável e com menor esforço, tem modificado o conceito de humano como um ser exclusivamente biológico.

O robocop, o cyborg e os indivíduos que usam qualquer tipo de prótese mecânica não são referências para justificar a ideia do transumano, mas, principalmente, os que estão incorporando em sua vida biológica e psíquica equipamentos, eletrônicos ou não, quase indispensáveis ao seu viver, ampliando a inteligência humana, reduzindo o adoecimento, bem como aumentando suas competências físicas e psíquicas. Ansiando por permanecer saudável e vivendo por longo tempo no corpo e na consciência de si, o ser humano, talvez sem o perceber, vai se distanciando de sua exclusiva dependência de um organismo biológico. Ao ampliar seu tempo de vida no corpo, utilizando-se de meios exógenos, o ser humano começa a se diferenciar de seus semelhantes pelo uso de implementos auxiliares no seu viver. Os transumanos são indivíduos distintos entre si, por competências manifestamente diferentes pelo que integrou às suas habilidades adquiridas pelos meios convencionais.

Quando alguém cogita em implantar um chip biológico que lhe permitiria acessar instantaneamente todo o conhecimento disponível em sites de buscas na internet, torna-se diferenciado e em vantagem em relação aos humanos que não se utilizam desta atualização. O outro, que se utiliza de uma fita colada ao corpo, que amplia sua força muscular ou aquele que utiliza um exoesqueleto para se locomover e assim aumentar sua mobilidade, estão entrando na categoria de transumanos. Da mesma forma, aquele utiliza um óculos que lhe permite acessar instantaneamente informações numa nuvem, também nesta categoria se enquadra. Em acréscimo, ao utilizar o celular para múltiplas atividades e como meio de identificação de si mesmo, ampliando suas competências pessoais, o indivíduo está, silenciosamente, abrindo a uma nova categoria que vai além de sua condição humana.

Humano ou transumano, independentemente da nomenclatura que se adote, o ser humano só não deve continuar sendo desumano no trato com a natureza, com seu semelhante e consigo mesmo.

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