O comportamento humano é fruto do desejo consciente envolvido por intenções subliminares que permeiam a mente inconsciente. Nada mais são do que conversões de processos latentes que, muitas vezes, fogem à percepção do eu consciente. Quando, por exemplo, uma pessoa se habitua a usar drogas que entorpecem os sentidos, cuja consequência lhe traz prazer e alívio momentâneos, está executando, sem que se dê conta, um ato que ultrapassa o desejo e a intenção consciente. Certamente a consideração de que se trata de uma ação deliberada e consciente parece ser lógica e óbvia. Porém, há razões que merecem cuidadosa observação para que o próprio indivíduo perceba suas tendências íntimas que se convertem em experiências que buscam promover o mínimo sofrimento e o adiamento do que lhe provocaria maior esforço e dor.
Todo comportamento humano é, no mínimo, uma conversão de um conjunto de complexos pensamentos, ideias e emoções que jazem em seu mundo interior, à espera de materialização para alívio de tensões inconscientes. Por causa da pressão interna promovida pelo conteúdo emocional daquele conjunto, o impulso para agir é soberano. Por este motivo ocorrem os vícios, as compulsões e os hábitos da vida comum. Há sempre mais de uma razão para todo e qualquer ato humano, pois intenções recônditas permeiam a dimensão obscura da mente, sem que seu condutor tenha chance de identificar de pronto.
Por este princípio pode-se entender que razões subliminares estão presentes na corrupção que se vê na sociedade, principalmente nos altos escalões da política nacional. Mais do que razões de ordem partidária, cujo sistema assim determinava que o fosse, encontram-se motivações que suas consciências não registram. Esta é a razão por que mentem, acreditando que estão dizendo a verdade e que suas ações corruptas são justificáveis pelo sistema instalado.
No inconsciente deles estão as verdadeiras causas: ambição desmedida, pensamentos de inferioridade, emoções mescladas de raiva com inveja, ideias delirantes de grandeza, desejo de poder, desprezo e indiferença pelo direito alheio, ausência de compaixão e inferioridade moral. São traidores dos próprios ideais e dos princípios que norteiam a liberdade e o direito humanos.
Enquanto não são encontradas provas de seus crimes, passam por inocentes. Assim é da lei e do Estado de Direito. Porém, são condenados pelo próprio inconsciente que cobrará conversões educativas no momento oportuno. Se a consciência encontra mecanismos de escapes e de sustentação da sua estabilidade, para manutenção do aparente equilíbrio psíquico, o que jaz no inconsciente, quando não dissolvido, ressignificado ou melhorado exigirá adequada expressão. Nada fica impune ou em segredo, pois a vida sempre exige atualização ética.
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