sábado, 24 de novembro de 2018

O povo e a política

Política é a arte do imponderável, pois lida-se com surpresas a todo momento, com transformações sociais contínuas e com forças que atuam consistentemente para que haja alternância de poder. Não se pode pensar em comando político sem oposição, mesmo que o regime seja a ditadura. Quem está no poder não pense que está seguro ou que vai se perpetuar. Não se pode calar forças contrárias, pois se trata de um movimento natural da vida. Todo movimento gera e luta contra o seu contrário. Os políticos devem ser avisados que, naturalmente, fomentam reações contrárias para que mudanças ocorram. No Universo, o movimento é soberano e a mudança é regra.

No momento político em que vivemos, é notória a mudança de paradigma, por força das reações contrárias que foram tecidas por longos movimentos de resistência e pelo esgotamento da tolerância a corrupção. Mesmo que ainda continuem atos de corrupção ativa e passiva, o sistema está mudando, ainda que lentamente. Não basta a Lava Jato nem que se prendam políticos e empresários mal-acostumados com uma forma delituosa de atuar na sociedade, pois é preciso ir mais a fundo, nas escolas, nas organizações não governamentais e, sobretudo, na família.

A corrupção não é privilégio do brasileiro, pois se situa na psiquê humana, por força da vontade de alcançar, de forma mágica e imediata, o melhor para si. Ninguém nasce intencionalmente bom nem mal, pois pesa sobre as estruturas que compõem seu psiquismo, milênios de experiências bem e mal sucedidas da Humanidade que fazem parte do DNA de seu corpo. A sociedade, com a educação, com o surgimento de novos valores e com a consolidação de estatutos éticos, burila o ser humano. Por este motivo, o investimento maciço em educação é fundamental para que se erradique a corrupção e muitos ouros males do caráter humano.

A responsabilidade em alimentar aquela mudança é de todos, mesmo que de forma retórica, reduzida e limitada. Não se pode transigir em relação aos pequenos deslizes do cotidiano, a fim de que o exemplo seja seguido. O fortalecimento de instituições dedicadas ao controle e ao acompanhamento da gestão pública é fundamental, inclusive com a fiscalizações daqueles que dirigem os órgãos responsáveis pela coisa pública.

É preciso um chamamento público para que a sociedade socorra a sociedade e para o cidadão assumir aquele controle, nos seus bairros, distritos e associações setoriais. O cidadão deve entender que ele deve rever sua representatividade nos políticos. Sua delegação não esta sendo acompanhada, pois elegeu e não cobra nem fiscaliza, muito menos age como deveria. É hora, portanto, de implicar o cidadão para o exercício de sua cidadania. Não há democracia sem um povo esclarecido e merecedor de conduzir seu próprio destino.

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