Parece que atingimos um grau de desorganização e falta de competência coletiva tal que entramos numa fase crítica de instabilidade social. Não se trata de pessimismo exagerado ou de olhar negativo sobre a realidade, mas de realismo crítico visando o encontro de soluções definitivas. São notórios os sinais de degradação e total ausência de valores e de harmonia nos diversos núcleos da sociedade. É como se não existissem garantias de que vamos alcançar a tão desejada paz social e a necessária qualidade de vida para todos.
É obvio que existem avanços significativos na sociedade, com melhorias em muitos processos humanos. A sociedade progride graças ao desenvolvimento das pessoas que se atualizam e fomentam o progresso. Felizmente acontecem melhorias, aqui e ali, por força do espelhamento em experiências exitosas, bem como por influência de mentes mais lúcidas que aparecem interessadas no bem comum. São estas influências que animam os que trabalham honestamente e que se dedicam a construir uma sociedade mais justa, mais harmônica e igualitária.
Aqueles que acompanham as notícias e os fatos que surgem na mídia, compondo a opinião pública, estão concentrados na vida política, e, por este motivo, não estão atentos à desorganização que atinge todos os setores da sociedade. Na vida social, na família, na escola, no comércio, no trânsito, no serviço público, nas relações amorosas, nos postos de saúde, nos ambientes religiosos, nos tribunais, nos quartéis, como em todas as atividades humanas, os problemas acontecem sutilmente, prejudicando a consciência do ser humano, minando a paz social e sugando as energias e os esforços dos que querem o bem comum. Há sempre algo a ser melhorado, pois a evolução da vida que quer se organizar é inexorável.
Tudo parece estar incompleto, inconclusivo e instável. Desavenças, interesses particulares prevalecendo sobre o bem coletivo, futricas, egoísmo exacerbado, cobiças, maledicências, invejas e o desejo de poder grassam em todos os setores da sociedade. A grande maioria quer levar vantagens a qualquer preço, sem ética e sem limites, pois colocam sua sobrevivência acima do interesse coletivo.
Tudo isto ocorre numa sociedade sem líderes que sejam comprometidos com ideais e que adotem a transparência ampla e irrestrita de suas vidas; numa época em que a escassez de inteligências voltadas para o bem comum é notória. Não se trata de ser profeta do apocalipse, mas de encarar a realidade tal qual ela se apresenta. A responsabilidade de resolver é coletiva, exige ações de curto, médio e longo prazo, tem de ser dividida entre cidadão e governantes, entre pessoas físicas e pessoas jurídicas, para que todos ganhem. A criação de comitês de qualidade, de desenvolvimento, de inovação, de otimização, de ergonomia, para propor soluções, melhorias, otimizações, economia sem perda de qualidade, ética sem caça às bruxas, no âmbito das empresas públicas e privadas e nas associações diversas pode ser um começo.
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