Todos querem ganhar. É da natureza humana obter prazer, pertencer a um grupo referencial, querer compensar um natural sentimento de inferioridade, bem como atingir a harmonia interior com a conquista de uma personalidade ótima. Guiadas por estas condições, as sociedades foram se estruturando e se organizando de acordo com sistemas e teorias, econômicas ou não, visando a melhor organização social, de acordo com os costumes e a cultura de seus cidadãos. Nenhuma delas, seja o socialismo, o capitalismo, o liberalismo ou outras, lograram êxito. Não quer dizer que não conseguiram avanços sociais ou que devam ser execradas. Apenas são incompletas e não levam em consideração o fato de que o ser humano é imprevisível e movido por fatores subjetivos de difícil controle. Acresce ainda as inúmeras interferências de fatores de natureza complexa que afetam as coletividades que não são detectáveis nem matematicamente previsíveis. Falharam? Talvez. Impuseram-se aos cidadãos em face da natureza das contingências da época e das crenças das sociedades em que se instalaram.
Qual sistema satisfaria a todos, quando o desejo coletivo é sempre de ganhar, além das diferenças significativas nas condições de cada sociedade, sobretudo com consideráveis déficits de serviços básicos? Com horizontes diferentes, as sociedades ficam a mercê de teorias elaboradas por governos nem sempre verdadeiramente democráticos, ou por líderes arranjados de última hora, algumas vezes forjados pelo número de curtidas em redes sociais. Difícil atender à sociedade quando ela está se modificando e se organizando como se tivesse vida autônoma, crescendo de forma não convencional. A sociedade está sem o controle de qualquer comando central ou governo, criando seu sistema regulador, cujo direcionamento parece ser o da descentralização do fulcro por onde as teorias nascem e se desenvolvem. Não resta dúvida que o fator interveniente é a internet, que viraliza e democratiza todo tipo de manifestações oriundas de qualquer cidadão.
Para vencer os desafios desse crescimento, teorias, sistemas ou filosofias modernas apresentadas para gerir a sociedade em seu atual estágio de desenvolvimento, devem conter em suas bases filosóficas um mínimo compartilhamento da prosperidade gerada. Um modo positivo de organização social deve visar o bem-estar pessoal e coletivo, além de respeitar a diversidade da pessoa humana. Essa teoria, ou teorias, devem conter um senso de justiça tal que contemple uma educação que inclua o ganho como algo que deve ser compartilhado, sobretudo, os de natureza intelectual e emocional, distribuídos a todos os cidadãos por quem os conquistou. Sem a solidariedade e a equidade de direitos para todos, a sociedade continuará permanecendo no domínio dos mais espertos, daqueles que roubam os sonhos de muitos.
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