quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Paraíso

Quem não sonha com um mundo melhor, no qual a sociedade se constitui de pessoas maduras, autônomas e felizes? Utopia? Talvez. Existiu ou há alguma que possa ser reconhecida como tal? Desconheço. Alguns, mais esperançosos, acreditam que vai existir e que caminhamos para alcançá-la; outros, pensam que essa sociedade existe para além desta vida. O fato é que um mundo melhor se encontra na mente humana como representação de um paraíso prometido em contraposição a uma vida dura e sacrificial. Não existe paraíso em lugar algum sem um preço; este é um preço muito alto, pois exige, sacrifício, suor e renúncia ao que o próprio paraíso representa: prazer sem esforço.

A mentalidade coletiva que não se esforça, que não se interessa pelos estudos, que pretende a acomodação de um salário garantido sem esforço contínuo, que trabalha por obrigação e que não relaciona sua atividade laboral com o benefício que ela necessariamente deve proporcionar à sociedade ainda espera por um paraíso sem sentido. Sucumbir à mentalidade coletiva é o mesmo que abdicar de si mesmo, alienando-se quanto ao próprio sentido de existir e ao significado de viver em sociedade. A vida só tem sentido quando vivida em compartilhamento com afetos e em harmonia com a sociedade.

Resta refletir em como mudar a mentalidade coletiva e promover mudanças nas atitudes do grosso da população. Para isto é preciso maciço investimento em educação e em geração de empregos. Implementar ações que inibam qualquer possibilidade de se encontrar, fora do horário escolar (07:00 às 17:00 hs) uma criança sem os pais e na rua. A educação deve ser em tempo integral até o ensino médio e obrigatória para a obtenção de benefícios legais, na esfera municipal, estadual e federal.

Em paralelo, no campo empresarial, há que haver estabilidade política para que haja confiança do cidadão em investir seu dinheiro em atividade produtiva, além da desoneração de produtos e serviços que são excessivamente sobretaxados. Neste campo, o Estado deve ceder espaço à iniciativa privada, reduzindo gradativamente sue tamanho e sua intervenção na atividade econômica. Muito óbvio que estas medidas, pela complexidade das mudanças e do grande número de mandatários envolvidos, requerem maturidade política e consciência cidadã; ainda estamos longe de eleger indivíduos com requisitos que promovam tais mudanças.

Por estes motivos, a sociedade fica sujeita a políticos com discursos salvacionistas, populistas e fundamentalistas. São eles que favorecem o surgimento de formadores de falsos paraísos que engambelam os incautos e desavisados eleitores. Bom seria que a Opinião Pública, que tão bem critica a classe política, formasse um comitê de alto nível para oferecer propostas consistentes, mesmo que de longo prazo, para acordar a consciência coletiva do cidadão para que saia do paraíso fictício que almeja.

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